domingo, 10 de janeiro de 2010

A Noiva e o Condutor


A revista musical "A Noiva do Condutor", composta por Noel Rosa entre 1935 e 1936 para a Radioclube do Brasil, trata-se de uma obra brejeira, engraçada, que retrata com perfeição a sociedade e os hábitos cariocas na década de 30.

No início de 2009, o Coral das Artes Cênicas decidiu tomar a responsabilidade de dar vida a essa obra de um jeito próprio. Quem conhece a trama original, sabe que os personagens criados por Noel foram apenas quatro: Helena (a noiva), Joaquim (o condutor), Dr. Henrique (o sogro do condutor) e Sr. Barbosa (o pai de Joaquim e elemento surpresa na revista).

Helena, bela filha de um pai zeloso, se apaixona por Joaquim, jovem garboso que se diz advogado e bem de vida. O pai não está muito de acordo com este namoro, mas ao ver a filha tão apaixonada, consente no noivado, evitando assim que os vizinhos bisbilhotem e façam mexericos a respeito do casal. Os problemas surgem quando Helena e seu pai tomam um bonde, o principal meio de transporte coletivo da década de 30 no Rio de Janeiro. Descobrem que Joaquim é o condutor - e não o advogado de carreira ascendente que dizia ser. Helena jura nunca mais vê-lo. Joaquim tenta por todos os meios recuperar este amor, declarando que sem ela não pode viver. A história começa a caminhar para um final infeliz quando chega o pai de Joaquim, um rico banqueiro. Ele explica a situação do filho, que saiu de casa após um desentendimento familiar e arrumou emprego de condutor para sobreviver. Em favor de Joaquim, explica que realmente ele estava apaixonado por Helena, com quem insistia em se casar. O regozijo e a reconciliação são gerais.

Logo depois que o elenco teve o primeiro contato com o material original, houve uma discussão sobre o que mudar no enredo. Não para mudá-lo em sua essência, mas para traduzi-lo ao século XXI. A história continuou a mesma, mas, desta vez, ela levaria mais tempo para chegar à sua conclusão, já que outras coisas estariam acontecendo em paralelo às trocas de elogios e ofensas entre Helena e Joaquim. E não foi ali que o espetáculo ficou pronto. Aldrey Rocha, o diretor geral, se utilizou muito dos jogos teatrais e de improvisações com os atores. Muito detalhe foi nascendo desses exercícios, inclusive de composição de personagens.

Como este coral é formado por atores em processo constante de aperfeiçoamento musical (e teatral também), foi resolvido que o máximo de integrantes participariam do enredo que se desfecha no casamento de Helena e Joaquim. Com isso, a história do casal ganhou vários coadjuvantes inéditos. São eles o trio de amigas que compartilham das expectativas da heroína (desta vez, não tão romântica), a protetora mãe do jovem advogado (substituindo, aqui, a figura paterna de Barbosa, que para os mais desatentos poderá ser vista como uma espécie de vilã), a tia carola de Joaquim (sempre se opondo a presença forte da irmã), o jovem e apaixonado trabalhador vindo do norte (que faz alusão ao grupo Bando de Tangarás, ao qual Noel Rosa pertenceu), entre outros tipos que permeam a opereta.

E, é claro, assim como os personagens, músicas novas foram acrescentadas a esta versão. Todas da autoria de Noel Rosa, à exceção de "Vamos Falar do Norte", canção do Bando de Tangarás. Aqui, também estão presentes o sucesso "Com Que Roupa?", e a melodia de "Pra Que Mentir" dedilhada no violão.

Outra novidade é que a comicidade, que antes era sugerida no texto original (mais presente nas músicas do que no texto propriamente dito), rege todo o clima do espetáculo. É possível dizer que o humor, nesta adaptação, está competindo, num duelo de espadas, com o sentimento da paixão exalado pelos implícitos três casais do espetáculo.

Só falta, agora, pegar o próximo bonde para poder conferir o resultado da mistura entre um dos maiores gênios da música brasileira e um grupo de atores estudantes de canto: "A Noiva e o Condutor".

Helena

Joaquim

Dr. Henrique

Henriqueta Macêdo Façanha Bourbon

Habitantes de Cascadura

4 comentários:

  1. em junho estamos aí....!!!

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  2. Olá!
    Sou editora do Blog Feitoço do Noel e divulguei o trabalho de vocês lá.
    Depois dêem um pulinho lá p nos visitar.
    Um grande abraço.

    Natália Bittencourt
    Editora do Feitiço do Noel - Blog
    (21) 8731 - 2831
    feiticodonoel@gmail.com
    http://feiticodonoel.blogspot.com/

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  3. O coral das Artes Cênicas, tem sido um diferencial para minha vida, pois tem possibilitado novas descobertas, em minha vida pessoal como também na profissional.

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